VITÓRIA NA UTI...

MAIS UM SUSTO...NA VERDADE  “O SUSTO”!!!

29 de agosto

Depois de dois dias mais tranquilos, de duas noites mais ou menos dormidas, cheguei em casa, vindo do trabalho e encontro Vivi com febre, com 38.°C.

Pensei: “Poxa! Logo agora que ela estava ficando melhor da gripe”.

Então mediquei, dei um banho e tudo certo.

Antes de dormir , lá estava Vitória com febre novamente. Mediquei novamente e fomos dormir.

Mas as 03h23 da madruga, acordamos com a nossa mocinha gemendo e tremendo como ela sempre faz quando está com febre muito alta.

Pulei da cama, coloquei o termômetro e só confirmou. Ela estava com 41.2°C.

Corremos para o hospital com ela. Ela foi medicada por volta das 04h10 com dipirona (IM) e fez resfriamento com fralda molhada, que por sinal, estava super gelada.

Tivemos a sorte de encontrar uma técnica de enfermagem maravilhosa, que deu toda assistência necessária para nossa Flor.

A médica vendo que a febre não cessava, solicitou que desse mais outro antitérmico, dessa vez, o ibuprofeno. Mas só tinha aproximadamente uma hora e vinte minutos do primeiro.

Nem assim a febre cedeu. Era realmente a febre mais persistente que ela já tivera.

Então foi dado o terceiro antitérmico, dessa vez o paracetamol, também via oral.

Alguns minutos depois a Vivi, a nossa flor, começou a entrar em choque...

Acho que o cérebro dela não processou tantas substancias em um pequeno período de tempo.

Ela foi amolecendo...amolecendo... até ficar imóvel, inerte. Sem responder a nenhum estimulo.

Como já passava das sete da manhã a médica que atendeu na madrugada já tinha ido e chegara uma outra. Para nossa sorte. Pois essa deu toda assistência necessária...

 Vivi começou a respirar com dificuldade, ter queda de saturação, diminuição dos batimentos cardíacos. E ela lá inerte.

Que susto!

Gelei na hora...meu coração parecia que iria parar...

Senti uma cólica muito forte no pé da barriga, que pensei que iria cair naquele chão da enfermaria. Hildo sabiamente segurou a minha mão me abraçou. Mas dessa vez, diferente das outras que ele sempre me dizia :”amor, vai dar tudo certo, ela forte, você sabe”. Ele simplesmente olhou para mim e disse: “Amor eu to com medo!”

Ouvir aquilo do meu porto seguro, foi um choque. Mas entendi que ele também é humano, e que ele também tem esse direito, o de sentir medo.

Eu não consegui dizer nada, mas o abracei e naquele momento só nós dois sabíamos o que estávamos sentindo.

Era algo indescritível!

A médica rapidamente começou a tomar as providencias para salvar a nossa menina... ela foi muito ágil, graças a Deus. Ela ficou tentando uma vaga na UTI pediátrica do Hospital IMIP de Petrolina, mas sem sucesso. Infelizmente eles não receberam a nossa flor, por ela ser uma paciente crônica. Ou seja, segundo eles, um paciente crônico, não tem muito o que se fazer e não “ocupar” um leito com uma criança assim. É como se a vida da minha filha, por ser especial valesse menos do que a vida dos bebês normais.

Eu não consigo aceitar isso!

Se eles não forem socorridos adequadamente aí sim eles realmente não terão muitas chances. Isso dói demais!

A médica, Dra.Suzana, ficou muito preocupada e imediatamente tentou vaga em outro hospital, não tinha UTI pediátrica, mas ela precisava de uma UTI.

Também consegui falar com a pediatra da Vitória, Dra.Nayara, que por sinal é outro anjo em nossas vidas e ela prontamente tentou uma vaga no IMIP, mas sem sucesso, não tinha. Então ela correu para o hospital que estávamos e junto com Dra.Suzana, tomaram todas as providencias para a transferência de Vivi.

Enquanto aguardávamos a ambulância, ela foi lá conversar comigo. Me abraçou, e me “lembrou” que no caso da Vitória não tinha uma previsão de nada...era só DEUS!!!

Claro que a assistência emergencial estava sendo feita, e por sinal, muito bem feita, serei eternamente grata a Dra.Suzana  e a própria Dra.Nayara, mas em outras palavras elas quiseram “nos preparar”  e nos deixar cientes do real quadro da nossa menina.

Disse também que já tinha pedido para que no outro hospital liberassem para nós dois ficarmos juntos dela.  Para um bom entendedor, poucas palavras bastam.

 Quando olhei para ela novamente e vi quatro a cinco pessoas a sua volta tentando pegar um acesso e ela imóvel sem reagir, sem brigar com as enfermeiras como ela sempre faz... fiquei apavorada.

Senti vontade de pegá-la em meus braços e sair correndo dali com ela... senti tanta vontade de poder protegê-la, de poder salvar a sua vida. Mas eu não tinha a fazer. A não ser pedir a ELE que mais uma vez desse proteção a nossa menina.

Ainda recebi a visita da minha patroa Cristina, que estava preocupada tentando ajudar de alguma forma.

Imediatamente mandei uma mensagem para os amigos pedindo um corrente de orações. Minha querida amiga Verônica me ligou imediatamente e também já começou correr atrás de algumas possibilidades de nos ajudar...

Comecei a andar apressadamente pela sala e mesmo sentindo toda aquela cólica, nada se comparava a dor que estava sentindo por medo de perder a nossa menina. E foi por pouco. Por instantes eu a vi “indo embora”...

Comecei a orar: “Pai misericordioso, tu que sabe todas as coisas, não deixa minha menina sofrer...opera mais um milagre em nossas vidas, protege a minha flor...”

E a ambulância chegou.

Foi o maior corre corre para realizar a remoção. Dra. Nayara me deu a maior força e nos avisou que Dra.Suzana iria dentro da ambulância. Que bom. Mas foi mais um indicio que o estado de Vivi era muito grave.

Fui o trajeto todo segurando a sua mãozinha e repetindo no seu ouvido o quanto nós a amávamos e que estaríamos ali com ela sempre.

No meio do caminho ela deu outro susto. A respiração começou a diminuir, a saturação a cair, os batimentos cardíacos também...meu Deus! Que angustia!

Minha cabeça parecia que ia estourar. Tive a sensação que tinha uma bomba dentro dela, bombeando e a qualquer momento ela iria estourar.

Mas continuei firme segurando a sua mãozinha pequena e gorducha. E continuei a pedir proteção divina. Só ELE!!! Nesse momento só ELE poderia fazer alguma coisa.

Quando chegamos já tinha uma equipe a sua espera.  Médica, o fisioterapeuta Jonathan, que cuidou dela na ultima internação, enfermeiras, enfim, graças a Deus fomos muito bem assistidos. A Vivi já se internou nesse hospital outras duas vezes e já é velha conhecida por ali.

Ela foi instalada rapidamente no CTI.

Ela foi reagindo, vagarosamente. Foi se acalmando...

E foi ótimo quando a vemos ela se espreguiçando...rs...glória a Deus senhor!

Ela começou a reclamar de tantas mãos que estava mexendo com ela...e  rapidamente olhei para Hildo...e sem dizermos uma única palavra, sorrimos com os olhos. Nós sabíamos que a nossa flor estava “voltando” para nós

Uma mensagem, uma transmissão que só nós entendíamos. Era c Omo se disséssemos um para o outro: “nossa menina...essa é a nossa menina valente!”

Pedi licença, cheguei perto dela e comecei a falar no seu ouvido e ela como se me entendesse(que eu acredito sim que ela me entende), começou a se agitar e todos que estavam ali sorriram... foi o máximo...

As enfermeiras tentando realizar os procedimentos e ela começou a reclamar...exatamente como ela sempre fazia...brigando com todas elas...

E aí a enfermeira Isabely que adora a nossa moça...tentou colocar uma sonda em sua boca para fazer aspiração e ela simplesmente deu um abaita mordida no dedo de Isabely...

Todo mundo sorriu!

E eu entre risos e lágrimas (de alegria) segurei a sua mão e comecei a chamá-la de florzinha e ela foi se acalmando, incrivelmente ela foi se acalmando.

Eu mal cabia em mim de alegria. Olhei novamente para Hildo, pois cada um estava de um lado da cama, e mais uma vez entre olhares reafirmamos toda a fé que temos em Deus e nela também.

A nossa flor mais uma vez estava ali lutando pela sua vida e procurando uma maneira de se fazer percebida.

E a partir daquele momento ela foi “voltando” para nós.

Glória a DEUS!!!!

Depois de tudo mais calmo. A Verônica, o mais novo anjo em nossas vidas, aparece. Como não podia entrar fui lá fora. E ela me abraçou demoradamente, ela sabia tudo que estava passando. Me disse tanta coisa boa, sábias palavras!

Aos poucos fui me dando conta de todas as dores físicas que estava sentindo, da fome, pois já tinha mais quinze horas que não comia nada. Ela me chamou para ir em casa e eu aceitei, pois também tinha umas coisas da Vivi para pegar.

Fui com ela e Hildo ficou com ela.

No caminho fomos conversando e que bom estarmos ao lado de pessoas positivas.

Senti  bem aliviada, primeiro porque era como se tivesse tirando um peso de mim e segundo porque era ótimo conversar com ela, ela passava uma paz...que bom que eu tinha ela ali comigo naquele momento.

Cheguei em casa e de cara ganhei um abraço bem apertado do meu pequeno príncipe. Ele nem tinha ideia do quanto eu estava precisando dele.

Tomei banho, arrumei a bolsa rapidamente e em poucos minutos estava de volta ao hospital. Verônica ainda fez toda uma mobilização para nos ajudar e conseguiu contato até da diretora do IMIP, olha que bacana. Mas para nossa sorte, a Vivi estava reagindo bem lá aonde estava.

Mesmo assim agradeci imensamente a minha amiga querida por todo empenho em nos ajudar.

Quando cheguei ao CTI do hospital, tinha uma grande movimentação e eu já entrei assustada. Mas era só porque a Vivi estava indo mais uma vez para o bloco cirúrgico, passar por mais um procedimento para pegar o acesso da veia central.

Demorou um pouquinho mas logo ela volta, toda agitada, “brigando” com a máscara de O2...rs.

Aos poucos ela foi se acalmando novamente.

Mas colocaram uma sonda endogástrica, manteve a máscara de O2 e isso a deixava bem irritada. Mas eram providencias necessárias para ela.

A noite ainda recebemos a visita da fisioterapeuta a Dra.Iana, um doce como sempre e muito atenciosa. Também a visita médica de Dra. Nayara, que bom, ela mais uma vez estava nos dando toda atenção necessária. Conversamos bastante, tirei algumas dúvidas e ela saiu de lá mais tranquila ao ver que a nossa menina estava reagindo.

Agradei mais uma vez  a ela e vou ser grata sempre por tudo que ela esta fazendo por ela.

E quando me vi sozinha ao lado da minha florzinha, comecei a agradecer a Deus... agradecer por tudo aquilo, por tantos milagres em nossas vidas.

Hildo foi para casa dormir com Heitor.

Eu passei a noite inteira em uma poltrona, velando o seu soninho e a achando a menina mais linda do mundo. Ela dormiu até umas 02h e acordou brigando com a sonda e a máscara de O2.

Sentei na cama e fiquei cheirando-a, dengando-a como sempre faço em casa e ela se acalmava por alguns minutos e logo estava inquieta outra vez. Mas ela estava saturando 100% e então avisei a enfermeira que iria tirar a máscara e observar se ela precisasse, se a saturação caísse eu colocava de novo. Mas ela se acalmou sem a mascar e voltou a dormir e continuou saturando 99, 100 sem O2... que bom... agradeci a Deus novamente.

Não dormi, mas não me importei. Fiquei horas olhando para ela, afagando os seus lindos cabelos cacheados e o tempo inteiro agradecendo ao senhor.

Lembrei do hino: 

“Junte suas forças

E clame a Deus

Ele escuta o grito do seu fraco coração...”

Só em pensar em tudo que tinha passado naquele dia...nossa quanto medo eu senti.

Mas agora estava confiante e era ela, tão pequena, que me passava tanta confiança.

Só uma coisa ainda me preocupava, um liquido amarelo que estava “voltando” pela sonda. Não era em muita quantidade, mas estava voltando. E por isso ela teve que ficar sem se alimentar oralmente por  três dias.

Na sexta-feira pela manhã, veio logo a assistente social, Alana, uma pessoa também de muito bom coração. Conversamos bastante e gostei muito dela. Acho que encontramos mais uma aliada, rs.

Digo o mesmo da atenção dada a Flor pelos fisios daqui, o  Dr.Jonathan e o Dr.Moises.

Ainda falei com Dra. Nayara por telefone e ela garantiu que vinha ver a nossa menina e veio.

Eu tinha ido em casa, tentar organizar umas coisas e Hildo ficou. Quando ela passeou foi logo tomando as providencias para irmos para o quarto, para o apartamento, pois ela sabia que ficaríamos melhores no quarto.

E ela conseguiu.

Eu fui buscar Heitor na escola e foi ótimo ganhar aquele abraço mais uma vez.

Mas ele ficou me pedindo para dormir com ele. Ele disse: “mamãe vc dorme muito comigo e quando o sol chegar vc vai para o hospital”. Nossa, quebrou as minhas pernas. Hildo insistiu e eu acabei ficando para dormir com ele. Ainda voltei ao hsopital para ver a minha gatinha arisca, pois era assim que ela esta com tanto fio...com aquela sonda horrorosa que tanto a irritava.

Fiquei um pouquinho, a segurei nos braços, que saudade...mas era difícil administrar tanto fio.

Fui dormir com Heitor mas com o coração em pedaços... ainda acordei umas três vezes durante a noite pensando nela. Mas sabia que era preciso ficar com Heitor sem dizer que era uma delicia...dormi agarradinha a ele e Hildo ficou lá cuidando como ninguém da nossa flor.

No sábado, só fui para o hospital depois do almoço.

Cheguei e logo em seguida comecei a passar mal...

Tive uma queda de pressão e precisei tomar soro...uma pésssima sensaçao  que estava dentro de um brinquedo de um parque de diversão girando sem parar...

Nosssa, que horror!

Mas fui socorrida e tudo certo. Demorei um pouco para me reestabilizar... e Hildo continuou cuidando da flor enquanto eu melhorava.

A noite Hildo se foi e eu fiquei com minha flor...

Agora estava tudo bem. sonda retirada, ela mais calma, agradeci a Deus mais uma vez.

Ainda recebemos a visita dos padrinhos de Vivi, que carinhosamente sempre davam toda atenção e dpois que eles se foram só ficamos nós duas.

Abracei e cheirei tanto aqueles cabelos e aquele pescoço ... como era delicioso te-la ali novamente em meus braços.

Mas a noite foi bem agitada...ela não dormiu bem e as 04h ela teve outra febre alta.

Nem acreditei, tava indo tudo tão bem.

Ela foi medicada...mas as 08h vieram coletar sangue para realizar um exame e ela se agitou muito. Juntou a febre com o stresse e ela começou a tremer como se fosse convulsionar. Para nossa sorte era Dany a enfermeira que estava na hora e rapidamente solicitou a presença do pediatra do plantão e rapidamente ele mandou aplicar “DIAZEPAN”...ela foi se acalmando até que dormiu um pouco.

Febre controlada, ela estava mais calma...até voltaram para colher sangue novamente. Poxa, se não fosse tão importante essa coleta eu juro que não tinha deixado...ela voltou a ficar agitada, mas sem febre.

Ainda recebemos as doces visitas de Telma e Reinaldo, meus coordenadores da faculdade, pessoas/anjos em minha vida...

E também da doce e amada Veronica e sua nora , pessoas super agradáveis de se ter por perto.

Conversamos, sorrimos, foi muito bacana. Como já disse a Veronica é um amor de pessoa...nos traz paz e alegria com sua presença.

Depois que elas se foram o papai também se foi...

Ficamos as duas e dessa vez a flor dormiu tranquilamente...

E agora pela manhã ela está super sonolenta...não sei ainda se isso é bom ou não.

Mas ela esta sem febre, saturando bem e tomara que seja só soninho normal...