Depois de uma manhã tranquila do dia vinte e quatro de dezembro, véspera de Natal, decidi ir ao comércio comprar algumas lembrancinhas para colocar embaixo da árvore de natal, porque Heitor viu num filme e disse que queria a nossa árvore cheia de presentes.
Hildo estava trabalhando fora da cidade e deixei os meninos em casa com minha mãe e a moça que nos ajuda em casa...
Só fui porque Vivi passou uma noite mais ou menos tranquila e estava bem. Nebulizei e a alimentei antes de sair para que ela permanecesse bem.
Como já era previsto, o centro da cidade estava lotado...todas as lojas cheias e eu acabei demorando mais do que o previsto.
Me ligaram de casa dizendo que ela estava com febre... e eu logo imaginei, outra hipertermia . Porque se cuidarmos da sua temperatura e não a deixamos subir ela não sobe. Mas tem cuidados que só eu e Hildo temos com ela... Depois de subir é difícil baixar a temperatura.
Corri para casa e lá estava ela com 41° graus. Nossa nem acreditei. Fiquei com a péssima sensação de que não deveria ter saído de casa. Por outro lado, será que nunca mais vou poder me ausentar por duas ou três horas? Porque ninguém consegue ter os mesmos cuidados que tenho?
Dei um banho, coloquei-a no O2, e ela continuava muito molinha... eu me assustei bastante. Liguei chorando para Hildo, não queria assusta-lo mas foi inevitável... afinal qdo ele esta em casa ele coloca o gigantesco cilindro de oxigênio dentro do carro e vamos correndo para o hospital...e sem ele em casa?
Me apavorei mesmo. Mas ele ligou rapidamente para seu irmão e dentro de alguns minutos ele chegou. Corri para o hospital com meu cunhado. E diferentemente das outras vezes que sempre vou orando a Deus e pedindo proteção a ela, dessa vez vim paralisada... Estava com ela nos braços, mas não estava raciocinando, nem para pedir nada a Deus...
Foi tão estranho e essa estranhesa me deu medo...muito medo.
Era como se eu tivesse em estado de choque... não reagia a nada, mas me mantive segurando firmemente a minha flor em meus braços e instintivamente garantindo que o oxigênio permanecesse no seu nariz para que ela pudesse respirar.
Chegamos ao hospital e foi aquela demora para providenciar um O2 para ela, então eu não desci do carro e fiquei por algum tempo usando o cilindro que tinha levado de casa até que providenciaram e nós entramos.
A médica avaliou e decidiu que Vitória ficaria internada. Eu nem contestei... aceitei porque sabia que ela estava realmente precisando de cuidados intensivos.
Ficamos ainda por um longo tempo na sala de emergência e aí a ficha foi caindo... eu ali ao seu lado, segurando a sua mãozinha branca e gorducha, comecei a pedir a Deus que a protegesse. Nossa, me dei conta que eu precisava falar com ELE, pedir e pedir e aguardar NELE...porque somente ELE saberia o que fazer. E mais uma vez pedi que fizesse conforme a SUA vontade.
De repente a médica volta e avisa que solicitou a presença do cirurgião pediátrico para pegar um acesso central, já que ninguém consegue pegar um acesso comum.
Continuei ao seu lado, cuidando e tentando protegê-la...
Mas a emergência começou a ficar muito agitada e eu pedi a enfermeira que providenciasse o nosso quarto, afinal se já estava certo que ela ficaria internada, ficar ali naquele lugar cheio de crianças doentes e de adultos curiosos não era legal...logo logo ela também se agitou.
Nesse meio termo recebemos a carinhosa visita da tia Verônica, como sempre super atenciosa e rápida...basta saber que Vivi não ta bem, ela corre para nos ver...graças a Deus temos uma pessoa tão bondosa ao nosso lado. E também recebemos as visitas dos avôs paternos de Vivi...também sempre preocupados com ela.
Logo depois fomos para o quarto aguardar chegada do cirurgião.
Já era noite quando ele chegou. Fui acompanhando Vitória até lá e pedi para falar com ele, que já estava lá dentro aguardando a nossa menina. Ele veio, conversamos bastante, pois eu precisava tirar algumas dúvidas com ele. A pediatra de Vivi já tinha conversado comigo sobre um possível procedimento que coloca um cateter sub clave e deixa para não precisar pegar o acesso central todas as vezes que ela vai para o hospital. Conversamos bastante ele me explicou exatamente como funciona e eu fiquei de conversar novamente com a pediatra dela.
Ele entrou e eu fiquei mais uma vez naquele corredor silencioso e frio aguardando aquela porta se abrir novamente. Meu estomago começou a doer fortemente e aí eu lembrei que não tinha comido nada, sai para fazer as compras e não almocei, nos meus planos eu dores...e um certo pavor...deu vontade de sair correndo dali... e cadê meu porto seguro, que sempre esta ao meu lado para me abraçar e agora eu estava sozinha. Nossa como me senti fragilizada. Fiquei em pé de um lado para outro, as pernas começaram a doer também, eu já estava sem saber o que fazer, quando o cirurgião aparece por outra porta. Tomei um susto. E ele me disse que tinha terminado, mas que está cada vez mais difícil pegar o acesso dela e já me preparou... disse também que tentou poupar a veia que futuramente possa ser a do procedimento e pegou uma embaixo do bracinho direito. Um lugar bem difícil de se manter e ele sabia disso. Logo depois já estávamos no quarto outra vez.
E quando me vi naquele quarto sozinha com Vivi comecei a perceber que mesmo em meio às dificuldades eu ainda conseguia aprender alguma coisa com essa menina, que é tão pequena, tão indefesa, mas que é tão grandiosa, tão especial.
Ela estava me ensinando que um Natal para ser verdadeiramente Natal, não precisamos estar em festa, mas sim com o pensamento e o coração elevado a Deus.
Claro que não estava inteira...estava faltando parte de mim... meus filhotes, meu marido, minha família...mas estava com o coração tranquilo. Estava ali tendo a oportunidade de cuidar da minha menina, que mais uma vez, reagia bravamente a tudo aquilo.
Quando pensei que ia cair...meu marido instintivamente manda uma mensagem que me fortaleceu muito...até nessas horas nós estávamos em sintonia...na mensagem tinha exatamente o que estava sentindo...
Ainda recebi muitas mensagens de natal...obrigada pelo carinho de todos...e minha querida amiga Veronica ainda foi deixar um panetone...ve se pode??? Foi levar um panetone para eu comer no hospital...ela não existe.
Mas apesar da fome, eu nem consegui comer nada...tomei somente um suco e deitei ao lado da minha menina, que estava super quieta depois de ter saído do bloco cirúrgico. Fiquei assustada, mas depois ela acordou e começou a reclamar...reclamar de tudo, como só ela sabe, RS.
Reclamou da máscara de oxigênio, reclamou do cateter... e principalmente de fome, pois já passava das 23h e ela tinha comido 11h30 da manhã.
Só depois de 01h30 é que liberaram para tomar leite...e eu com ela o tempo inteiro...
E assim permaneci até o dia amanhecer vigiando o seu sono, com medo dela perder o acesso.
O dia nasceu e eu estava toda doída...na hora não entendi mas depois comecei a sentir todos os sintomas de uma gripe...nem acreditei...nariz corizando...olhos ardendo, garganta doendo...droga!
Na tevê começava a missa do Pe. Marcelo Rossi, era aproximadamente 05h da manhã e enquanto estava conversando com ela, passava a música: “Minha força e Vitória”, e lembrei exatamente do dia em que estava arrumando a minha princesa para irmos para Recife... e me peguei fazendo um balanço de tantas coisas já tínhamos vivido...de tantos obstáculos já vencidos...e disse a ela para não desistir nunca porque nós íamos estar ali sempre ao seu lado...
Às 06h30 da manhã vieram colher sangue para um exame...e ainda estava com o pensamento tao elevado a Deus que Ele abençoou e de primeira conseguiram a veia para a coleta...glória a Deus!
Mas infelizmente logo em seguida, eu sem querer quebrei o fiozinho da cateter...fiquei apavorada...logo eu que sempre tenho tanto cuidado com essas coisas, porque sei o quanto ela sofre cada vez que precisa disso...logo eu que sei a gravidade de um acesso central...fiquei apavorada, me culpando... mas foi sem querer mesmo...foi a bata que ela estava usando que não me deixou ver que o fio estava enganchado...
A médica veio, olhou e entrou em contato outra vez com o cirurgião...ele respondeu que não era nada bom vim e tentar outro acesso. Aconselhou a não mexer mais. E aí a médica decidiu trocar o antibiótico para IM... só de pensar já doeu em mim... essas injeções doem tanto...faz ela sofrer tanto. Mas era o jeito. Não tinha outra alternativa.
Foi uma manhã tranquila, dentro das possibilidades...ela se acalmou e dormiu um bocadinho.
O papai finalmente chegou e ficou horas com ela nos braços, conversando e dizendo que era para ela ficar logo boa, que tinha surpresinha em casa...rs
Aproveitei para descansar um pouquinho...
Ele foi ficar um pouco com Heitor e nós ficamos...
Estava indo tudo bem até que ela começou uma ânsia de vômito, sem ter vômito... era se tivesse muita secreção e isso estava a incomodando...
A fisio veio aspirou e nada ela continuou com ânsia, mas era sem parar...
A fisio saiu e eu fiquei so com ela e ela so piorando, nossa deu um medo, porque ela estava ficando sem fôlego de tanto prender a respiração cada vez que vinha a ânsia.
Aí as enfermeiras vieram e realizaram outra vez o procedimento da aspiração, mas dessa vez deu resultado e ela foi se acalmando...a técnica carinhosamente ficou alisando suas costas fofas e seu cabelos encaracolados...e ela cheia de manha dormiu calmamente.
Agora ela está dormindo...não sei até que horas, RS.
Mas eu paro e fico olhando para ela e achando a coisinha mais fofa e gostosa que podia ter aparecido em minha vida.
E entendo perfeitamente que Vitória É O AMOR DE DEUS POR MIM!!!!
Desejo a todos um ótimo Natal...e volto para dar noticias já que ainda não temos nehnuma previsão de alta...
Essa grande manifestação do amor de Deus é para poucos.Por isso, temos que viver intensamente esse privilégio. Bjos e estou rezando por vocês.
ResponderExcluir